quinta-feira, 30 de abril de 2020

Instituições firmam parceria para realização de cerca de 10 mil testes da Covid-19 no oeste do Pará

Descentralizando o centro de testagem para diagnóstico da Covid-19 no estado, a Secretaria de Saúde do Pará (Sespa) anunciou liberação de recursos para montagem de um laboratório em Santarém, no oeste do estado, que deve realizar cerca de 10 mil testes de análises moleculares para detecção do SARS-COV-2 (novo coronavírus).
A iniciativa é uma parceria entre a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), o Centro Regional de Governo, a Sespa e o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA).
O anúncio da liberação ocorreu na noite de terça-feira (28) durante reunião on-line com representantes dos articuladores locais. O centro de testagem funcionará dentro do HRBA, devido à capacidade que o hospital tem de manter a sanitização do ambiente, relacionada ao conjunto de procedimentos higiênico-sanitários necessários.

Articulações

A Ufopa entrou em contato com a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) para cessão de equipamentos para compor o laboratório. A equipe técnica será contratada pelo HRBA, sendo que a capacitação e o acompanhamento serão feitos por professores geneticistas da Ufopa.
A ação é coordenada pelo professor Marcos Prado, pró-reitor da Cultura, Comunidade e Extensão (Procce) da Ufopa, que enfatizou ainda que não se pode precisar o início das atividades. “Não há uma data prevista, por conta dos insumos, mas a intenção é começar ainda no mês de maio”.

Atual ciclo de testagem

Os testes do oeste do Pará ocorrem da seguinte forma: as coletas são feitas nas cidades, depois seguem para Santarém e posteriormente são encaminhadas em voo do governo do estado para Belém, duas vezes por semana.
“O resultado está demorando em torno de sete a dez dias para chegar em Santarém, e durante esse tempo as pessoas acabam tendo contato com outras e o ciclo de contágio permanece”, disse professor Marcos.
Com o laboratório em Santarém, a meta é realizar cerca de 116 testes por dia e disponibilizar o resultado em até 48 horas, podendo antecipar o prazo em casos mais graves.

Treinamentos

Na semana passada, o professor Marcos Prado, que tem formação em Genética e Biologia Molecular, participou de treinamento em Belém, recebendo orientações junto ao Laboratório Central do Pará (Lacen) e ao Instituto Evandro Chagas.
A equipe de professores da Ufopa no projeto é formada pelos geneticistas Luís Reginaldo e Gabriel Coelho (Instituto de Ciências da Educação — Iced), Heloísa Meneses (Instituto de Saúde Coletiva — Isco) e Marcos Prado (Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas — ICTA).
A universidade em Santarém também está disponibilizando equipamentos para a montagem do laboratório e recursos financeiros para aquisição de insumos, disponibilizados pelo MEC. Outros parceiros ainda estão sendo contatados para a rede de articulação, como a Unimed Oeste do Pará, que já sinalizou positivamente ao projeto.
Atualmente existem duas maneiras de testar para a Covid-19. A primeira é o chamado teste rápido, a partir de uma gota de sangue, que analisa os anticorpos da pessoa. A partir da análise, verifica-se se o paciente entrou em contato com o vírus ou se ele está infectado. Vale lembrar que, se a infecção for inferior a dez dias, existe a possibilidade do falso negativo, que consiste na não detecção da presença do vírus devido ao estágio primário da infecção. Este teste tem, em média, cerca de 70% de precisão, mais por contar uma história do paciente do que por apresentar o momento atual.
O teste molecular, que será feito em Santarém, analisa a presença de material genético do vírus em amostras da região nasal do paciente e pode dizer, com precisão, se este está infectado com o vírus.
Segundo professor Marcos Prado, o teste molecular é o mais indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com 98% de precisão, e pode ser realizado, inclusive, em pacientes assintomáticos, ou pacientes com apenas um ou dois dias de infecção, mostrando o estágio atual de contaminação.
Além disso, esse teste também é utilizado durante o processo de cura do paciente, para saber se ainda está com a carga viral no momento em que precisa ser liberado do hospital.

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