Em depoimento dado em 24 de julho de 2018, no Fórum
de Santarém, oeste do Pará, pelo empresário Westerley Jesus de Oliveira,
confessou ao juiz Rômulo de Brito e ao promotor Rodrigo Aquino, que o esquema
de desvio de recursos por meio de contratos com duas empresas de sua
propriedade com a Câmara Municipal iniciou em 2015, e que o ex-vereador
Reginaldo Campos foi o principal beneficiado.
“Eu nunca tinha
trabalhado para a Câmara. No início da gestão do Reginaldo conversei com ele
sobre o fornecimento de material de expediente e informática. Informei que as
duas empresas que eu tinha estavam com problemas, e ele mandou que eu abrisse
outras empresas para assinar contratos com a Câmara mediante um acordo que eu
receberia R$ 1 mil por nota emitida. Ele ficava com a maior parte do dinheiro”,
revelou Westerley.
As empresas JTP
Nascimento e Comércio e GF Santos (Viva Comercial) foram abertas em nome da
esposa de Westerley e de um funcionário dele, respectivamente. O dinheiro para
constituição das empresas teria sido dado a Westerley por Reginaldo Campos.
“Eu não tinha
dinheiro para custear a abertura de novas empresas. Ele (Reginaldo) deu cerca
de R$ 1 mil ou R$ 2 mil. Em troca, depois da assinatura dos contratos eu
receberia R$ 1 mil por nota e o restante ficaria pra ele; quando as notas eram
fictícias, Reginaldo ficava com o valor integral das notas. Quando havia
imposto, era descontado o imposto. Ele me repassava o dinheiro do imposto, era
tirada a parte dos materiais fornecidos e o restante ia pra ele integralmente”,
contou.
Westerley
contou também que antes de abrir as duas empresas em que era sócio oculto, a WN
Comércio e Informática firmou contrato com a Câmara e mesmo assim foram feitas
algumas notas em nome dessa empresa, mas quando soube que haveria problemas para
liberar o pagamento, Reginaldo o chamou para que regularizasse. “O Reginaldo
disse que nós tínhamos que dar um jeito de regularizar a situação da empresa
pra liberar o pagamento. Aí ele chamou um funcionário de outro órgão público,
não era da Câmara, para fazer o levantamento do que estava errado e fazer a
regularização de um contrato”.
Em depoimento,
Westerley disse que Reginaldo atuava como um empresário à frente dos contratos
firmados na gestão de como presidente da Câmara. “O empresário mesmo era o
Reginaldo Campos. Era ele que fazia os pagamentos. Ele me passava a lista dos
materiais, já vinha discriminado o valor que ia ficar pra ele, e o que ia ficar
pra mim. Se os materiais iam custar R$ 10 mil, ele mandava fazer a nota de R$
20 mil. O que passava eu tinha que entregar imediatamente para ele. Os produtos
tinham o preço de mercado”, declarou.
O empresário também confirmou que a licitação era
de “cartas marcadas”. Ele já sabia que contratos ganharia. “O Reginaldo avisava
o setor de licitação sobre quem iria ganhar o contrato. Nós levávamos os
documentos já sabendo que o contrato seria nosso. Depois, quando saia o
pagamento, em praticamente todas as notas havia desvio de recurso. Não sei
dizer se havia pagamento de propina para terceiros”, falou.
Sobre um aditivo de contrato de R$ 60 mil feito em
outubro de 2016, Westerley disse que o valor teria ficado integralmente para
Reginaldo Campos para despesas pessoais, inclusive para compra de material de
construção para a casa do ex-vereador.
(Com informações do G1 Santarém)
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