Homem jogou água suja nas oferendas e xingou religiosos em Ananindeua. Agressões já seriam recorrentes, alega grupo religioso.
Praticantes de candomblé foram ameaçados com facão em Ananindeua — Foto: TV Liberal/Reprodução
A Polícia Civil investiga um caso de intolerância
religiosa sofrido por praticantes do Candomblé em Ananindeua,
região metropolitana de Belém. Um homem ameaçou com um facão e ofendeu os
religiosos durante uma oferenda.
Em vídeo, filmado
por um dos integrantes do terreiro, o homem aparece com o fação em meio a
xingamentos contra os religiosos.
Ele diz ainda que o
grupo está sujando a rua. Os candomblecistas alegam também que o morador jogou
água neles durante o ato religioso. O ataque ocorreu na travessa we-46, na
Cidade Nova.
No vídeo é possível
ouvir o homem dizer ao grupo: "vocês são um bando de demônios".
Segundo o pai de santo do terreiro, Edson Barbosa, o homem jogou água suja nos
orixás e depois voltou de dentro da residência com o facão.
O caso está sendo
investigado pela Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e
Homofóbicos. Segundo a polícia, o homem
deve responder pelos crimes de intolerância religiosa e ameaça.
Em entrevista à TV
Liberal, o investigado reconheceu o erro, mas voltou a reproduzir falas
intolerantes. "Eu sei que eu errei. Não sou contra a religião de 'A' ou
'B', só quero que respeite meu direito de família, meu direito de idoso e meu
direito de que não venham jogar porcaria na minha porta", disse Arlindo
Meireles.
Outras agressões
De acordo com o pai de santo, essa não seria a primeira
vez que o homem ameaça o grupo.
"Esse senhor por várias vezes, quando vamos realizar algum toque
ou ritual, liga o som bem alto. Em outros momentos, a esposa dele gritou que a
gente estava sujando a rua. Era uma situação que poderíamos dialogar, mas no
momento que ele impediu a gente de realizar o culto, agrediu os orixás e nos
agrediu também, ele estava causando uma coisa que chamamos de intolerância
religiosa, que é crime".
A proprietária da casa onde a oferenda estava sendo feita e que também
é integrante do grupo disse que o vizinho já ameaçou o esposo dela por conta da
religião deles. Ela diz que teme que algo aconteça com o marido ou com a casa
onde a família mora.
'Direitos
violados', diz OAB
A advogada Bárbara Adrião, presidente da Comissão de
Direito e Defesa da Liberdade Religiosa da OAB, explica que outros direitos
também foram violados na ocasião.
"O maior direito violado foi o da liberdade religiosa, mas a
gente tem alguns outros direitos violados. Um deles é a questão da integridade
psicológica dessas vítimas e integridade física. Porque quando o agressor
utiliza de um facão pra ameaçar aquelas pessoas, para que elas parem de fazer
seu culto, ficou muito claro que a intenção dele era machucar. Poderia ter
ocorrido algo pior se mais alguém se exaltasse no momento", explica.
Após a repercussão do caso, o grupo pede que seja garantido o direito
de exercer a religião a qual fazem parte.
"A gente quer respeito, amor, alimento, moradia,
cidadania e garantia de direitos. A minha religião não faz mal à sua religião.
Então ame a sua religiosidade e deixe a agente amar a nossa, deixe a gente
exercer a nossa liberdade", declara o pai de santo, Edson Barbosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário