Segundo o artigo da Lancet para as Américas, o risco de morte em decorrência do coronavírus foi 44% maior nas cidades alinhadas a Bolsonaro.
A colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, publicou resumo de um artigo da edição da revista Lancet para as Américas que afirma que os municípios brasileiros que deram vitória ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2018 registraram mais óbitos por Covid-19 no ano passado do que os que optaram por Fernando Haddad (PT) naquele pleito. Os pesquisadores analisaram os dados de 5.570 cidades.
Em Santarém, no Oeste do Pará, o presidente da república venceu a disputa no segundo tuno com 90.577 votos, o que corresponde a 56,37% do eleitorado. Neste município, o número de mortes por 100 mil habitantes está acima da média nacional e até superior a outros municípios do mesmo porte, onde prefeitos bolsonaristas boicotaram as medidas preventivas durante a fase aguda da pandemia do novo coronavírus.
Apesar do prefeito Nélio Aguiar (que apoiou a eleição de Bolsonaro), que é médico, não ter se incorporado à campanha desencadeada pelo presidente contra o uso de máscara, decretação de lookdown e vacinação, e ter tomado medidas drástica por diversas vezes quanto à restrição de circulação de pessoas e funcionamento de estabelecimentos comerciais, Santarém registrou taxa superior a 400 mortes por 100 mil habitantes. Já são 1.294 mortes, desde o início da pandemia, em um município com 306 mil habitantes. Este ano já são mais de 90 óbitos.
Em Chapecó, Santa Catarina, com prefeito aliado a Bolsonaro, com população de cerca de 240 mil habitantes, a proporção de mortes por Covid-19 para 100 mil habitantes é de 239 mortes.
Segundo o artigo da Lancet para as Américas, o risco de morte em decorrência do coronavírus foi 44% maior naquelas mais bem desenvolvidas e alinhadas a Bolsonaro, segundo o estudo realizado por um grupo independente de pesquisadores ligados a instituições como Fiocruz, UnB (Universidade de Brasília) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Uma das comparações feitas foi entre as cidades de Crato, no Ceará, com 133 mil habitantes e de Sapiranga, no Rio Grande do Sul, com 80 mil habitantes ambas consideradas grandes e de IDH médio. Enquanto a primeira registrou uma taxa de 110 mortes a cada 100 mil habitantes, a segunda teve um índice de 360 óbitos por 100 mil habitantes.
Apesar dos esforços da Prefeitura de Santarém, no município criou-se um ambiente favorável para a sabotagem da ciência, para a circulação de fake news e para colocar em dúvida todo o conhecimento científico. Na fase aguda da pandemia, ao proibir a realização de uma carreata que protestava contra a decretação de lockdown, a residência do prefeito foi cercada por manifestantes.
Aqui no muncípio, os efeitos negativos da sabotagem, principalmente entre a parcela evangélica da população e de lideranças ligadas ao agronegócio, sobre o esforço de contenção da pandemia foram capazes de anular fatores como a atuação forte do SUS em Santarém, e da Divisão de Vigilância Sanitária.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, em Santarém há 39.096 casos confirmados de Covid-19 no município. Existem 37.690 pessoas recuperadas, 1.294 óbitos, 62.760 resultados negativos, 32 análises, 102 monitorados e 128.046 monitorados já recuperados.
Fonte: Portal OESTADONET
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