Em meio a letargia que os principais municípios geradores de resíduos sólidos se encontram para dar uma destinação ambientalmente correta ao lixo da Região Metropolitana de Belém, a Prefeitura de Marituba tomou a iniciativa, uma vez que o município e seus moradores são os mais afetados pelo problema, e apresentou na manhã desta terça-feira (05), na sede do IESP - Instituto de Ensino de Segurança do Pará – IESP, centro de Marituba, alternativas para a solução do grave problema.
O estudo realizado pelo professor-doutor Mário Russo, especialista internacional em gestão de resíduos sólidos pela ISWA – International Solid Waste Association, mostrou ao público a viabilidade de implementação de tecnologias combinadas, e já aplicadas em outros países, para serem desenvolvidas na questão de equacionar o grave problema gerado pelo lixo de Marituba e os municípios que compõem a Região Metropolitana de Belém. Para ele a solução existe, mas o que falta é vontade política para isso, critica.

O novo modelo prevê a adoção de coleta seletiva de lixo, compostagem do material orgânico, gaseificação pirolítica de resíduos e o aterro sanitário. No final do processo haveria possibilidade de gerar a produção de biodiesel, gás de síntese e “negro de fumo” por pirólise, além da produção de fertilizantes. “Geramos renda, emprego de qualidade, valorizamos o processo e barateamos o custo de tratamento para 88 reais a tonelada tratada e serviremos de exemplo para os outros municípios. É uma questão de decisão política apenas”, define o professor Mário.

A promotora Marcela Melo destacou a presença de moradores e representantes da população de Marituba e Santa Bárbara no auditório do IESP. “Me surpreendeu muito a participação da população, buscando soluções, lutando pelos seus direitos”, disse.
Marcela Melo destacou também o trabalho do Ministério Público Estadual, que há dois anos determinou a empresa Guamá a implantação de mantas para evitar a contaminação do solo e a destinação do chorume, o que não vinha sendo cumprido pela empresa. “Se fossem aplicadas todas as medidas, os impactos seriam mínimos para a população”, lembrou.

O prefeito Mário Filho destacou a necessidade dos demais municípios se integrarem e iniciarem um consórcio para o andamento do projeto. “Nós já temos a solução para Marituba. Mas o quê adianta para nós termos essa solução se Belém e Ananindeua continuam colocando lixo no aterro?”, questionou.
Consórcio

Mário Filho lembra que o estudo foi feito para resolver o problema da região metropolitana, “pois não vamos poder hipotecar nosso futuro”. “Nós temos que dar uma solução para o lixo. Não adianta apenas dizer que vai fazer aterro, porque aterro não se faz mais. Aterro não é para ser usado como suporte para depositar lixo. Aterro tem que ser usado como retaguarda no processo. O mundo inteiro hoje avança nessas tecnologias. Nosso país tem que dar o ponta pé inicial nessa tecnologia”.

Mário Filho e o secretario Ismaily Bastos visitaram oito países para conhecer e junto com o professor Mário Russo chegarem a um modelo que mescla tecnologias diferentes em sua implementação. “Parte vem de Portugal, parte da Itália. Na parte da compostagem seria Itália e Portugal, pirólise seria China e o aterro de retaguarda, só para caso alguma das etapas falhe. De forma geral a gente visitou oito países e adotamos a tecnologia de três países desses. Nós estamos com tudo completo, custo operacional, custo de investimento, tempo de execução, está tudo desenhado, basta que a gente monte o consórcio e partir pra cima disso”, encerrou.
(Comus/Marituba)
Nenhum comentário:
Postar um comentário