quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Sessão solene do Tribunal do Júri de Santarém homenageou 25 pessoas nos 10 anos da Vara


Uma cerimônia simples que contou com a presença de autoridades locais e estaduais, comemorou nesta quarta-feira (11/09) os 10 anos de criação da Vara Especializada do Júri Popular de Santarém. 
Ao comando do juiz Gabriel Veloso de Araújo, atual titular da 3ª Vara Criminal, 25 pessoas foram homenageadas com Diploma de Honra ao Mérito. (foto de Geovane Brito, G1)
O desembargador Rômulo Ferreira Nunes, que instalou a vara pessoalmente, quando era presidente do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), foi o primeiro a ser homenageado, mas como não pode estar presente foi representado pelo juiz Cosme Ferreira Neto, diretor atual do Fórum de Santarém.
Além dele foram homenageados: o prefeito de Santarém, Francisco Nélio Aguiar da Silva; os juízes Gerson Marra Gomes e Cosme Ferreira Neto; os promotores de Justiça Renata Fonseca de Campos e Ramon Furtado Santos; os defensores públicos, George Augusto de Aguiar Sousa e Jane Télvia dos Santos Amorim; os delegados de Polícia, Germano Carneiro do Vale e Dmitri Teles Esmeraldo; os advogados, Igor Célio Melo Dolzanis e Gabriela dos Santos Cabral; os oficiais de Justiça, Jaldemir de Aguiar Portela e Solange Siqueira da Penha Tanaka; os servidores, Rodrigo José Marques Seade e João Georgios Ninos; os jurados, Karielly Carvalho Konzen e Adeilson Ferreira Pontes; a estagiária Caroline Gomes da Silva; os agentes penitenciários José Isaac Cohen Dias e Bárbara Eleodora Viana da Silva; e dois membros da Imprensa local, os jornalistas Tatiane Pereira Lobato e Valdiclei Campos Ribeiro, além das copeiras, Graciene da Silva e Maria Ocineide Sousa Rego.
Em nomes dos homenageados, falou o juiz Gerson Marra Gomes, primeiro juiz titular da vara, que ressaltou a importância da instalação dessa unidade judiciária, que tem cumprido seu papel de acabar com a impressão de impunidade que havia nos crimes dolosos contra a vida, uma vez que mais de 800 processos encontravam-se parados quando de sua criação, por existirem até 2009 apenas duas varas criminais que precisavam dar vazão a todos os tipos de crimes. 
O juiz Gabriel Veloso, na mesma linha, disse que o sucesso da vara não seria possível sem o apoio das instituições parceiras, e por isso resolveu homenagear pelo menos um representante destas. 
Ao final, o ex-servidor da Vara do Tribunal, jornalista e poeta João (Jota) Ninos, que também atuou como cerimonialista, apresentou poesia de sua autoria produzida durante um longo júri, e que foi premiada em festival local de poesia, em 2010:

Apenados

A pena do juiz 
que dança sobre a lisa superfície,
- pálida de medo -
é a mesma pena do condenado
cuja nódoa de sangue derramado
de um ser inanimado,
transmuta-se em toner de impressão, 
transforma-se em artigos e jurisprudências.
a pena do juiz que se esparrama 
sobre a plácida pista branca,
como que patinando no gelo da justiça,
é a mesma pena das mães em prantos
pelo filho que morreu 
e pelo que vai viver
encarcerado...
a pena do juiz 
não é feita de maiúsculas fontes
nem de hiatos e hipérboles
é a síntese da antítese de uma tese
não é poesia, nem prosa
não é feita de versos ou reversos
é apenas palavra após palavra
mas carrega a semântica
de um fim em si mesmo_ 
a pena do juiz pode ser, ou não, 
o reflexo de mentes abstratas,
semblantes cansados
de homens e mulheres do povo
no tribunal da consciência.
- a dona de casa lavou a roupa suja e pendurou sua conformação no varal, como sempre fez;
- o bancário somou os prós e contra e assinou em branco o cheque da razão;
- o estudante de biologia não se fascinou pelo direito e ainda prefere estudar o trypanossoma cruzis;
- a comerciária não vendeu a alma e nem perdeu a calma ao rabiscar seu talonário;
- o gari não jogou sujeira pra baixo do tapete e separou o joio da joia;
- a assessora do político esqueceu o discurso demagogo e se fez cidadania;
- a professora deu a aula que ainda não havia dado e nem pensou no salário atrasado com gosto de giz.
na plateia, submersos em sono, 
olhos esbugalhados têm sede de justiça
cada qual tem uma justiça 
esquadrinhada no rosto
cada qual tem sua justiça 
que é a mais perfeita de todos
cada qual tem sua verdade 
que nem sempre é a do juiz 
ou do condenado
cada qual tem uma palavra a dizer 
ou uma lágrima a chorar
cada qual é parte de um turbilhão 
que não cabe no plenário
a pena do juiz não contempla 
todas as justiças possíveis
a justiça dos advogados, 
dos promotores, 
dos infratores, 
dos inocentes, 
dos indecentes, 
dos marginalizados, 
dos doentes, 
dos alienados
mas quem tem pena do juiz 
que em seu ato solitário
há de converter seu relicário 
em um ato feliz ou infeliz?
talvez ele mesmo não saiba 
a dimensão de sua pena...
somos todos apenados 
de uma forma ou de outra...
a pena do juiz 
não tem pena 
nem alento
não tem remorso 
nem contentamento
a pena do juiz é fria como a letra da lei
e se ajusta à flácida planície branca
trilhando levemente microporos
e sulcos invisíveis 
de uma folha em branco
onde nódoas de sangue 
transformadas em toner de impressão
se formatam em verdade impune: 
a lei é de todos para todos!
a lei é de poucos para nenhum!

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