Impactado pela desvalorização do real e pela greve
dos caminhoneiros, o índice de inflação mais usado para corrigir os reajustes
dos aluguéis teve forte avanço no último ano e pressiona o valor dos contratos.
Apesar da alta, o mercado ainda desaquecido tem ajudado a segurar os preços
médios de locação.
Após ter recuado 0,52% em 2017, o IGP-M (Índice
Geral de Preços – Mercado), subiu com força este ano e já acumula alta de
8,24% nos 12 meses encerrados em julho, segundo divulgou nesta
segunda-feira (30) a Fundação Getulio Vargas (FGV). Os contratos de aluguel
costumam ser reajustados com base na variação acumulada dos 12 meses
anteriores.
A diretora de locação da Lello, Roseli Hernandez,
que administra cerca de 11 mil imóveis alugados no país, diz que o índice vem
sendo aplicado em todos os contratos, mas que isso só ocorre por causa do
comportamento do IGP-M ao longo do ano passado.
"Não houve um caso sequer de pedido para
reajustar abaixo do IGP-M, porque no ano passado o índice foi negativo e deu
uma certa 'vantagem' ao locatário", explica Roseli.
Um indício de que o mercado desaquecido tem ajudado
a segurar a alta pode ser medido pela pesquisa mensal de locação do Secovi-SP
(Sindicato da Habitação). Em São Paulo, principal mercado imobiliário, o valor
de locação recuou 0,6% no acumulado de 12 meses encerrados em junho. No mesmo
período, a variação do IGP-M foi de 6,93%.
"É um sinal de que os inquilinos estão
conseguindo negociar o valor do aluguel", afirma o diretor da
vice-presidência de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP, Mark Turnbull.
Com a desvalorização cambial
que começou em abril e se intensificou, houve uma pressão maior sobre o índice,
explica o pesquisador do Ibre. "Outro fator relevante foi o aumento no
preço dos combustíveis, que é mais abrangente no IGP-M."
Segundo Quadros, a greve dos caminhoneiros,
deflagrada há dois meses, também provocou alguns aumentos de grande proporção
nos preços e desorganizou certas atividades abrangidas pelo índice, como a
avicultura, em maio e junho.
Já em julho, a prévia do
IGP-M apontou que a alta dos preços perdeu força e pode começar a arrefecer nos
meses seguintes com a estagnação da economia e uma maior estabilidade do dólar
nas últimas semanas.
"O IGP-M é também um
indicador de pressões que estão acontecendo na cadeia produtiva que podem ou
não afetar o consumidor", define Quadros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário